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A eira e beira, uma das maiores mentiras contadas no Brasil

Casinha pequenina e baixinha na Estrada do Bonsucesso, sítio histórico de Olinda, que perdeu altura em relação à rua por causa dos sucessivos aterros ao longo dos séculos.

Notem que ela possui beiral triplo, uma moda do século XVIII muito comum em Portugal na região do Algarve e Alentejo , conhecidos como telhados portugueses, telhado à portuguesa ou ainda telhado ibérico.

Como aqui o barroco se manifestou de forma tímida ou quase nula na arquitetura civil, esses telhados pipocaram nas casas, como uma forma graciosa de escoar a água da chuva sem que ela escorresse pela fachada, substituindo os telhados do século XVII e caindo em desuso no começo do XIX.

No Brasil, a expressão "sem eira nem beira" que vem de quem não tem quintal (eira) para plantar e secar cerais nem porção pequena de terra (beira), foi equivocadamente interpretada como as camadas de telha, trocando abrigo por beiral e beiral por adorno, gerando uma falsa estória que acabou caindo até em escritos acadêmicos, recolhidos por folcloristas e pesquisadores na criação dos primeiros órgãos de patrimônio, dizendo que, nas casas ricas, tinham três camadas de telha, inventando inclusive um termo que não existe em arquitetura, a "tribeira". A crença popular espalha que as casas pobres não tinha "eira nem beira".


Quem era rico, não demonstrava riqueza de forma subliminar, exigindo atenção e interpretação de quem passasse na rua. A riqueza era expressada com grandiosas casas, solares, vestimentas e até escravas cobertas de jóias e teteias e não com um simples adorno de cornija. Veja bem essa casinha e pense se era realmente de um membro da aristocracia...

A expressão "sem eira nem beira" é justamente a pessoa que não tinha posses, mas nesse caso, que não tinha nem quintal, nem pedacinho de terra. Como os portugueses adoram rimar, saíram completando a frase com "sem eira, nem beira nem ramo de figueira", como vemos ainda em "alhos e bugalhos" ou "trancos e barrancos"

Portanto, dizer que um beiral de telha denotava classe social, é o mesmo que dizer que as pessoas tinham diabos na garrafa pra dar sorte, que apontar estrelas nasce verruga na ponta do dedo ou que as casas eram coloridas pra que cada dono soubesse qual era a sua. Essa é uma das maiores mentirinhas inventadas no Brasil.

Comentários

  1. Respostas
    1. '«Sem eira nem beira»
      As prováveis origens de uma expressão popular
      Por Alexandre M. Flores 13 de janeiro de 2020 19K
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      «Sem eira nem beira» é um dito popular antigo que encerra um pensamento moral. Deste adágio ressalta a eira, localizada nas proximidades dos lugares do mundo rural, que era e ainda é um local ao ar livre, de terra batida ou lajeada. Aqui se estendiam para secar os cereais (trigo, milho, centeio, etc.) e legumes, a fim de serem malhados, debulhados e limpos no mês de Agosto, ou seja, no «tempo da eira». A eirada correspondia a uma porção de cereais que se debulhavam por uma só vez na eira, para depois serem aproveitados para o consumo. Era sinal de alguma prosperidade. Quem era pobre não tinha eira, nem um pedaço dela, nem mesmo sua beira. Daqui resultou a rima popular, em jeito de menosprezo: miserável é aquele que vive «sem eira nem beira», ou «sem eira nem beira, nem pé (ramo) de figueira». Ou, ainda, em tom satírico e jocoso para com um vizinho: «"Valha-te a eira má", que não tenhas pão na eira, e que morras de fome»!

      O adágio também podia ter outra explicação popular, referente aos beirais dos telhados das antigas habitações e afins. Dizia-se que as famílias com menos posses tinham uma telha (eira), os remediados tinham duas (beira) camadas de telhas. E os mais abastados tinham na cobertura das casas três camadas de telha, eira, beira e tribeira, respectivamente, de cima para baixo. Daí o dito popular «se o sujeito não tem eira, nem beira, quer dizer que ele não tem recursos, é pobre».

      Esta tipologia dos beirados foi levada pelos portugueses, no século XIX, senão antes, para o Brasil.

      Em Portugal e no Brasil, ainda podemos observar algumas casas, [ver, por exemplo, as imagens de um edifício setecentista, sito na Sobreda (concelho de Almada); da colecção de Alexandre Flores], que conservam os dois beirados, próximos dos telhados. Outras, na maioria, só com um beirado. As que tinham os dois significavam que a família que residia naquela casa tinha eira (poder) e beira (posses). Nas casas só com um beirado então só tinham eira e não tinha beira. E nas casas que não tivessem nada não tinham «nem eira nem beira».


      Bibliografia consultada: A. Martins Barata, Dicionário Prático da Língua Portuguesa, Expressões Peculiares;  Frei Domingos Vieira, Grande Dicionário Português, ou Thesouro da Língua Portugueza, vols. I,II,III, Porto: Editores Ernesto Chardon e Bartolomeu H. de Morais, 1871-1873; Guilherme A. Simões, Dicionário de Expressões Populares Portuguesas, Ed. Dom Quixote, 2000; José da Fonseca Lebre, Locuções e Modos de Dizer usados na Província da Beira  Alta, Liv. Clássica Editora, 1924; José Pedro Machado (coord.), Grande Dicionário da Língua Portuguesa, vols. I e II, Lisboa: Pub. Alfa, 1991; Orlando Neves, Dicionário de Expressões Correntes, Editorial Notícias, 2000.

      Fonte
      Estudo e recolha do historiador e bibliotecário-arquivista Alexandre M. Flores, publicado em 10/01/2020 na sua própria página de Facebook. Manteve-se a norma ortográfica do original, a qual é anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.

      Sobre o autor

      Alexandre M. Flores
      Nascido em Lamego, em 1951, foi bibliotecário-arquivista e responsável do Arquivo Histórico de Almada. Ensaísta, professor e investigador em História Regional e Local, foi coordenador das publicações Anais de Almada, Revista Cultural e de Almada na História. É autor de numerosos estudos: Almada Antiga e Moderna, Almada na História da Indústria Corticeira e do Movimento Operário (1860-1930), Chafarizes de Almada,  Bulhão Pato na Outra Banda, entre outros.'

      in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/sem-eira-nem-beira/4009 [consultado em 09-04-2023]

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    2. Coisa mais engraçada… Depois de algumas décadas, venho conhecer curiosidades da História do Recife!!! ADOREI, viu Braulio Moura… Justo eu que fui discípula do meu estimado Professor de Comunicação, JOMARD MUNIZ DE BRITO, na ESURP, Escola de Relações Públicas de Pernambuco - Turma 1976.
      Parabéns por seu trabalho!!! Já me tornei sua Fã. Deus lhe abençoe - por Socorro Trigueiro

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  2. Excelente! Poderia também desfazer outros mitos, como os de que veem símbolos maçonicos em tudo que é triangular

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  3. Nada como saber de fato a razão das coisas. Muito bom!

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  4. Mas que essa casinha é um cochicholo, isso é

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  5. Muito obrigada por este texto. Ficava louca pesquisando por uma fonte confiável que me indicasse o nome oficial das camadas do beiral e qual o nome certo da terceira fileira, a tal "tribeira". Eis o motivo de nunca ter encontrado uma resposta correta e definitiva...

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    1. Você pode achar uma explicação disso também no Dicionário de Arquitetura Brasileira, de Eduardo Corona e Carlos Lemos. É muito bom!

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  6. muito legal seu texo onde posso encontrar mais sobre esse fato?

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  7. Sempre imaginei alguma coisa nesse sentido... Concordo que a classe mais abastada não ía se deter nesse tipo de detalhe...

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  8. Gostaria que fosse referenciada de onde tal explicação foi retirada por favor!

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    1. Eu tbm gostaria de saber qual a bibliografia pesquisada para esta informação...Obrigada.

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    2. Você pode achar uma explicação disso também no Dicionário de Arquitetura Brasileira, de Eduardo Corona e Carlos Lemos. É muito bom!

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    3. Quem acredita num cara que é cachaceiro e falastrão?

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  9. Muito bacana a reflexão sobre os elementos da fachada. No entanto, gostaria de saber se existe alguma fonte concreta para tais lógicas. Sabemos que existem fontes em publicações históricas, e nas de arquitetura também, relatando estes símbolos como demonstração de status. Mas ao afirmar que é uma mentira, acredito que tenha descoberto isso através de uma dedicada pesquisa e uma profunda investigação no assunto. Poderia informar essas fontes, no intuito de contribuir conosco suas descobertas?

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    1. Qualquer um dos 10 milhões de portugueses sabe isso.

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    2. Os exemplos e o senso comum nos ajudam a compreender que o ponto de Vista do Professor está correto. Em Ouro Preto ( Vila Rica ) sendo um dos principais núcleos urbanos entre os séc XVIII e XIX teoricamente deveria apresentar dezenas de casas com este arremate. Fato que não acontece. Será que na rua Direita de Ouro Preto só moravam pobres então? Ou porque seriam as beiras seveiras são apenas um detalhe da construção e dizem pouco sobre quem as ocupava ?
      Além disso qualquer Português sabe que EIRA designa algo que está no solo e não no teto.

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    3. Phelipe, quem gosta de "sinais e simbologias" é leigo. Essas coisas mexem com a imaginação. Na comunidade de História do velho Orkut, discussões sérias envolviam sempre os mesmos 15 ou 20 historiadores profissionais (realizamos um orkontro em um dos simpósios nacionais de História, foi muito bacana). Mas, bastava surgir um post sobre Atlântida ou Templários... surgiam centenas de comentários, uma coisa brutal. E acredite: a existência da Atlântida tem ZERO importância histórica, há um monte de civilizações desaparecidas, ao longo dos milênios ocorreram terremotos, secas, inundações... Enfim, não é sério ter essa obsessão pela Atlântida ou pelos Templários ou coisas do gênero. Idem essas pretensas simbologias estéticas nos edifícios. Pouco mais que bobagens. Sugiro ler textos de teoria e metodologia de História. Ou deixar o assunto com profissionais.

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    4. Você pode achar uma explicação disso também no Dicionário de Arquitetura Brasileira, de Eduardo Corona e Carlos Lemos. É muito bom!

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    5. Phelipe, quem acredita num cara que é cachaceiro e falastrão?

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  10. Muito boa explanação. Realmente, é uma tarefa árdua desmistificar certos folclores do nosso "bem comum".
    Uma certa ocasião eu tentava explicar a origem da palavra "Realengo", um bairro que eu moro no Rio, para um grupo de amigos. Todos achavam que o nome surgiu de uma junção das palavras "Real Engenho", que eram escritas nos bondes. Daí eu me perguntei: mas por que, se em Realengo não teve linhas de bonde, tampocou existiu qualquer engenho?
    Pesquisando sobre o assunto, é que fui entender: o tal nome origina-se de uma palavra de origem germânica e designa terras pertecentes ao poder real, mas "ao realengo"; terras de serventia pública, onde qualquer cidadão poderia utilizá-la, como pastagem de gado, por exemplo, mas pertecentes ao poder monárquico.

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  11. Eu sou português. Não ter eira nem beira pra mim sempre foi referir-se à alguém pobre. Algo também como "não ter onde cair morto".

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  12. creio que há um pequeno engano. a beira está presente na língua portuguesa desde o século XVI. o hoaiss aponta: (1596) Rubrica: construção. fiada de telhas em balanço nos beirais de apenas uma ordem de telhas 5 (1611) m.q. beiral. a etimologia ajuda a resolver essas questões

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    1. Também não acreditei nessa estória. Acho que o digníssimo Braulio quer se apropriar de "verdades". Pesquise mais.

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  13. Bem se vê que entende de tudo, menos de pobreza. Se soubessem, como é difícil para um pobre construir uma só eira. Não diriam tratar-se de mentira. Até para consertar uma e acabar com as gotEIRAS, antes de trocar telhas, passa-se anos colocando baldes embaixo.

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  14. Muito bom saber ! Parabéns pelo trabalho !

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  15. E meu amigo Dalton desmistificação a história e ao bom entendimento da real significância daquela época são muitos burburinhos centenários um abraço bom trabalho.

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  16. será que resolução , não ter nem eira nem beira , quanto mais tribeira significa cada classe social da época ? pessoa que não tem eira não possui chão e terreno , não pode fazer sua beira sendo telhado com proteção gasto anti gotejamento , e tribeira casa com adorno melhor caracterizando posse e poder ao tamanho de sua casa , familia e posses . acho sem eira pobre total , beira pelo menos casa humilde , tribeira casa com requinte , pode fazer bem acabada e para a época tem poder e posses .

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  17. O que é Eira:
    Eira significa pedaço de terra. (Do latim area). É um terreno lajeado ou cimentado, usado nas fazendas para se limpar, secar e debulhar os cereais.

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  18. Eira
    Beira
    Tribeira
    Quadribesteira!

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  19. Procuro o signigicado da palavra beira em arquitetura portuguesa para lá do simples beiral. Tenho encontrado o termo como referindo-se a um espaço útil da casa rural, como em " A Arquitetura Popular Portuguesa" de Mário Murtinho.
    Talvez alguem de Portugal possa me exclarecer!!

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    1. "Sem eira nem beira" . Foi desta expressão que resultou o adágio antigo que deu origem à rima popular: miserável é aquele que vive «sem eira nem beira. Quem era pobre não tinha eira, nem tão pouco nada à sua beira. No entanto este Provérbio ancestral também podia ter outra explicação popular, quando se referia aos beirais dos telhados das edificações à época. As familias com menores posses apenas colocavam uma camada de telha no seus beirados - correspondente à "eira". Familias remediadas já tinham posses suficientes para mandar executar beirados com duas comadas de telha "beira". As casas dos senhores mais abastados distinguiam-se das demais pelas suas coberturas das casas três camadas de telha: eira, beira e tribeira, respectivamente, de cima para baixo. Assim sendo a expressão "sem eira, nem beira" estava sem margem para duvidas associada às pessoas com falta de recursos: aos pobres.

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  20. "Sem eira nem beira" . Foi desta expressão que resultou o adágio antigo que deu origem à rima popular: miserável é aquele que vive «sem eira nem beira. Quem era pobre não tinha eira, nem tão pouco nada à sua beira. No entanto este Provérbio ancestral também podia ter outra explicação popular, quando se referia aos beirais dos telhados das edificações à época. As familias com menores posses apenas colocavam uma camada de telha no seus beirados - correspondente à "eira". Familias remediadas já tinham posses suficientes para mandar executar beirados com duas comadas de telha "beira". As casas dos senhores mais abastados distinguiam-se das demais pelas suas coberturas das casas três camadas de telha: eira, beira e tribeira, respectivamente, de cima para baixo. Assim sendo a expressão "sem eira, nem beira" estava sem margem para duvidas associada às pessoas com falta de recursos: aos pobres.

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  21. É por isso que história não tem prêmio Nobel. Cada um fala a merda que quer pra tentar colar uma narrativa ideológica...

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  22. Unknown, acho que este ambiente de discussão ( saudável) não é para você. A história é feita de versões, toda história tem uma versão.
    A pessoa que não conhece sua história, não entende o presente, e consequentemente não formatará seu futuro.
    Outra coisa, que tal se identificar com um nome, e não um pseudo nome " Unknown?

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  23. Quando eu era criança ouvia alguns adultos falar que não iam sair de casa p'ra fazer uma vigem de balde.Eu ñ entendia nada, mais td fui entender que eles queriam falar viagem adebalde.Uma viagem a toa.kkkk

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  24. Fonte:

    Vozes da minha cabeça.

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  25. No texto não há negação do dito, digamos assim, popular. E sim a confirmação: sem quintal, sem terreno. É que a arquitetura é elitista mesmo. O texto enaltece a elite quando afirma: a elite não ia se
    c ocupar com detalhes. Pura.falacia. A elite se ocupa com detalhes sim.

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  26. Nasci em São José da terra firme,hojé somente São José, primeira colônia açoriana na reagião de Santa Catharina,sempre conheci os termos citados como acima ficou explicado pelo dito autor do texto.

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  27. Concordo plenamente que a expressão remete para "eira" (local onde se malhava o cereal) e quem o tinha , tinha terra e também para "beira". Aqui é que surge a confusão. "Beira" significa margem , margem de rio, de ribeiro, ou de riacho, enfim de um curso de água , maior ou menor. Assim, quem, tinha "eira" tinha terra, tinha cereal; quem tinha beira tinha curso de água. Quem tinha terra e água era rico. Apenas isso, o resto , pura analogia.

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  28. No período colonial e um pouco adiante na história era muito comum as pessoas usarem esses adereços para demonstrar o quão rica a família era. Os telhados das casas dos endinheirados tinham um adereço triplo, com eira, beira e tribeira. Quanto mais eiras o telhado a tinha, maior era o prestígio da família e seu dinheiro. Já ao contrário, quem não tinha boa renda não conseguia colocar esse adereço no seu telhado, mantendo somente a tribeira (o telhado propriamente dito, nosso famoso beiral). Essa expressão indica pobreza e veio da arquitetura. Você pode achar que é devido aos nomes de elementos do telhado, mas o significado também pode ser outro:

    Há outra hipótese, que remete à agricultura: O terreno no qual os cereais eram debulhados e secos era denominado eira; beira, por sua vez, seria a beirada desse terreno. Quando o terreno não possuía beira, os grãos eram carregados pelo vento, deixando o dono em prejuízo.

    Mas, voltando à primeira versão: o telhado de casas antigas dos endinheirados tinha um telhado triplo, com eira, beira e tribeira. Os menos afortunados acabavam construindo um telhado composto apenas por tribeira, que é a parte mais alta do telhado.

    A cachaça está fazendo efeito!

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