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Mostrando postagens de 2020

Óleo de baleia nas construções. Que história é essa?

Você já deve ter ouvido de alguém numa visita a qualquer cidade histórica brasileira que os prédios eram construídos com óleo de baleia e por isso duraram tanto tempo de pé e inabaláveis. Quem nunca escutou isso atire a primeira pedra (sem óleo, por favor). . Quando a gente tem contato com informações básicas de construção, arquitetura e até c onversando com o pedreiro que fez um serviço em casa, descobrimos que no cimento deve ser evitado o contato com algumas substâncias como gorduras e óleos, o que pode comprometer a sua qualidade e durabilidade. . Desde a antiguidade, lá das pirâmides, zigurates e templos, passando por nossos sobrados e mocambos, aprendemos que os principais materiais aglutinadores foram o barro, a argila, o gesso, a cal e o cimento moderno "Portland", criado em 1824, como bem cita o arquiteto Alan Dick Megi. . Mas então, que babado é esse de óleo de baleia nas paredes do Brasil colonial? . Bem, primeiro é preciso dizer que nas argamassas coloniais era

O MITO DA TELHA FEITA NAS COXAS

Com esta pequenina e linda casa do século XVIII na Rua do Amparo, em Olinda, venho hoje desmentir mais um mito muito difundido em cidades históricas turísticas do Brasil: a telha feita nas coxas dos escravos. . Muitos de vocês já devem ter ouvido e até falado a expressão "feito nas coxas" para descrever algo que foi feito nas pressas e saiu mal feito. . Nas cidades históricas ainda se ouve gente espalhando a estória de que as telhas coloniais eram feitas nas coxas dos escravos, e que por isso elas tinham o formato "canoa" mais largo em uma ponta e mais estreito em outra. Pois isso é mais uma mentirinha, dessas contadas pra deixar a falar mais interessante e contar boas histórias para entreter turistas. . Acontece que não existe em nenhuma cidade colonial do Brasil (nem em Portugal), prédio com telhas diferentes umas das outras, elas são padronizadas. As telhas coloniais eram feitas de forma artesanal em moldes de madeira, que possuíam variações de tamanho, onde eram

A eira e beira, uma das maiores mentiras contadas no Brasil

Casinha pequenina e baixinha na Estrada do Bonsucesso, sítio histórico de Olinda, que perdeu altura em relação à rua por causa dos sucessivos aterros ao longo dos séculos. Notem que ela possui beiral triplo, uma moda do século XVIII muito comum em Portugal na região do Algarve e Alentejo , conhecidos como telhados portugueses, telhado à portuguesa ou ainda telhado ibérico. Como aqui o barroco se manifestou de forma tímida ou quase nula na arquitetura civil, esses telhados pipocaram nas casas, como uma forma graciosa de escoar a água da chuva sem que ela escorresse pela fachada, substituindo os telhados do século XVII e caindo em desuso no começo do XIX. No Brasil, a expressão "sem eira nem beira" que vem de quem não tem quintal (eira) para plantar e secar cerais nem porção pequena de terra (beira), foi equivocadamente interpretada como as camadas de telha, trocando abrigo por beiral e beiral por adorno, gerando uma falsa estória que acabou caindo até em escritos acadêmicos, r